EFICÁCIA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA SAÚDE FÍSICA, MENTAL, EMOCIONAL E ESPIRITUAL DA PESSOA IDOSA
O Brasil a cada nova estatística tem um considerável aumento na população de idosos. Embora a expectativa de vida só cresça, o país ainda não se preparou para um convívio saudável e respeitoso com essa parcela da população, resultando abandono, negligências e outras formas de convivência que vem contribuindo para a exclusão e o adoecimento da pessoa idosa, sobretudo, o adoecimento psíquico.
As Práticas Integrativas e Complementares na Saúde (PICS) se constituem numa abordagem de saúde recomendada pela Organização Mundial de Saúde onde os profissionais não enxergam apenas a doença em si, mas consideram a subjetividade dentro do contexto social, cultural, psíquico e espiritual do usuário.
Por terem origem secular e envolverem abordagens naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde e ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente se tornam bem aceitas pelo indivíduo idoso.
O objetivo é demonstrar a eficácia dessas Práticas na saúde mental da pessoa idosa, no que tange o estímulo ao envelhecimento ativo e os benefícios em sua qualidade de vida. Os resultados mostram que as Práticas Integrativas têm se colocado com uma alternativa eficaz na saúde mental da pessoa idosa, não apenas como uma alternativa de saúde curativa, mas, sobretudo, como uma forma eficaz e preventiva de saúde e um mecanismo de despertar no sujeito idoso o autocuidado.
A conclusão é que as PICS aparecem como alternativa de tratamento saudável ou com menos efeitos adversos a saúde do idoso, sobretudo a saúde mental, diminuindo ou excluindo o uso de medicamentos sintéticos, e se configurando também como opção terapêutica eficaz e de baixo custo.
As chamadas Práticas Integrativas e Complementares na Saúde (PICS), são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e constituem na prática da Medicina Complementar e Alternativa (MAC) nos tratamentos de Saúde, e já podem ser vistas inclusive, no Sistema Único de Saúde (SUS) como experiências exitosas. Sabe-se que alguns métodos terapêuticos não convencionais são praticados há séculos por povos e culturas diversas tanto na prevenção quanto na manutenção e na recuperação da saúde.
Nas PICS os profissionais não abordam somente a doença, consideram a dimensão subjetiva dos pacientes e seu contexto social, cultural, espiritual e o uso de práticas complementares nos processos de tratamento, cura, prevenção e promoção da saúde. A MAC é situada como sistemas médicos e de cuidados à saúde, que não estão presentes na biomedicina. Quando estas práticas são usadas juntas com práticas da biomedicina, são chamadas complementares; quando são usadas no lugar de uma prática biomédica, consideradas alternativas; e quando são usadas conjuntamente baseadas em avaliação científica de segurança e eficácia de boa qualidade, chamadas de integrativas.
Em 2006 foi publicada a portaria n° 971, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. Tal portaria ratifica o apoio, no intuito de estimular o uso das PICS em detrimento dos benefícios conquistados na saúde humana, reconhecendo ainda a MTC com as respectivas técnicas, como: a Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Florais de Bach, Aromoterapia, Auriculoterapia, Cromoterapia, Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Reflexoterapia, Musicoterapia, entre outras.
A fundamentação dessas terapias muitas vezes está associada a tradição e aos costumes, e exatamente por isso, o uso dessas práticas populares demonstravam grande aceitação pela resolutividade e efetividade nas suas aplicações. Por serem secular e amplamente realizadas e repassadas por várias gerações, esses tipos de terapias são muitas vezes conhecidas e bem aceitas pelo individuo idoso. O Brasil, a cada nova estatística, mais se coloca como um país de velhos. Em números absolutos os idosos já ultrapassam 21 milhões em todo o país essa rápida transição demográfica aponta não apenas para maior perspectiva de vida, mas, aflora o lado da velhice indigno e temido por muitas pessoas quando se fala em envelhecimento: o surgimento de doenças crônicas, funcionais, uso prolongado e contínuo de medicações, necessidade de cuidador e “sensação de dar trabalho ou de inutilidade”, invalidez, ociosidade, isolamento. Todas essas situações atingem diretamente a saúde mental do idoso, muitas vezes ocasionando autonegligência, sofrimento permanente, desejo pela morte, depressão, ansiedade, entre outros sofrimentos mentais.
Demonstrar a eficácia das Práticas Integrativas e Complementares na saúde mental da pessoa idosa, no que tange o estímulo ao envelhecimento ativo e os benefícios em sua qualidade de vida é nosso intuito e,neste sentido, acreditamos que a ampla oferta das PICS para o público idoso tem muito o que contribuir com sua qualidade de vida, estimulando-o a sair de casa, a estar em grupos, a participar ativamente das escolhas de uma saúde mais completa, ainda que de maneira alternativa ou complementar, pois as PICS estimulam o equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito, necessários ao processo de envelhecimento, sobretudo, a parte da mente e do espírito, que refletem na saúde do corpo, uma vez que, muitas questões da saúde do idoso, são reflexos das questões comuns do dia a dia, somatizadas em seu estado de saúde e que potencializam as doenças existentes, e afetam sua saúde mental diretamente, e, nesse sentido, a prática de cuidado libertadora materializada pelas PICS, podem conquistar mais adeptos e ser, de fato, eficaz na saúde da pessoa idosa.
A Revisão Sistemática é um procedimento que tem como um de seus objetivos, uma análise crítica e sintética dos artigos disponíveis e relevantes, escritos sobre um determinado tema . Nessa direção, houve um levantamento da literatura a ser usada, na base de dados Scielo, Medline, Pubmed e no Google Acadêmico de artigos científicos. Os critérios de inclusão foram a língua portuguesa, o ano de publicação entre 2005 a 2015. Os descritores buscados foram: Práticas Integrativas e Complementares, Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Medicina Complementar, Saúde Mental e Práticas Integrativas, Medicina Alternativa e Saúde Mental; Medicina Chinesa e Idosos. Após a leitura de 23 trabalhos, cinco estudos se tornaram relevante para o entendimento da eficácia das PICS na saúde mental da pessoa idosa, quando afirmam que no Brasil, a implantação dessas técnicas no serviço de saúde traz diversos benefícios aos usuários, possuindo três alicerces na sua execução: movimento (ou manipulação) respiração e atitude mental. Possibilitam o autoconhecimento e a consciência do próprio corpo. Dois estudos possibilitam a discussão da possibilidade do sujeito idoso enfrentar obstáculos, estabelecer laços afetivos, ganhar consciência crítica, e diminuir a necessidade medicamentosa com as práticas frequentes. Três estudos discutem a eficácia das PICS tradicionalmente seculares na saúde mental, destacando as ervas medicinais e a aromaterapia no fortalecimento do organismo na sensação de relaxamento e bem-estar mental, ratificando seu potencial em combater o estresse, e diminuição de sintomas depressivos . Três estudos destacam as PICS com efeito na qualidade de vida do idoso, destacando na saúde mental a Meditação, a Musicoterapia e o Reiki, técnicas de imposição de mãos, conhecido como toque terapêutico.
Quanto aos resultados pode-se perceber que, em geral, o processo de envelhecer traz muitas doenças e condições de fragilidades, e nesse sentido, as experiências do uso das PICS nesse público tem conseguido eficácia ao amenizar e/ou tratar muitas dessas condições clínicas. Um estudo de Bowden , demonstra que o estresse psicológico pode influenciar e ser influenciado pelas percepções individuais de tensão trazendo doenças em várias etapas da vida, inclusive na velhice, e que a administração do Reiki pode trazer impactos diretos e positivos promovendo um estado de relaxamento que colabora com a redução da percepção da tensão e de sintomas de estresse, além da elevação da percepção de bem-estar, que se traduz em maiores índices de qualidade de vida na pessoa idosa.
A prática da fitoterapia é realizada por pessoas idosas tradicionalmente, mesmo sem associar seu uso as PICS, esse ato é naturalmente repassado entre gerações, no entanto, quando informados que os chás e plantas utilizadas se trata de uma terapia alternativa reconhecida pelo SUS, percebe-se a aceitação com mais ênfase, como se os mesmos já conhecessem sua eficácia. Um estudo de Oliveira, sobre o uso das plantas medicinais por pessoas idosas, constata sua utilização mais do que duas vezes por semana e até quatro, o estudo relata que os idosos dizem sentir melhoras e evitar muitas vezes o uso de medicamentos em substituição aos chás. Entre as ervas mais utilizadas estão a erva doce, erva cidreira, camomila, e o boldo. A busca pelos fitoterápicos foi relacionada principalmente para o tratamento da ansiedade e de problemas digestivos e respiratórios .
Reconhecidamente a acupuntura tem despertado interesse até nas pessoas mais reticentes. Trata-se de uma técnica milenar que pode ser realizada por pessoas de qualquer faixa etária, mas é em idosos que diversos estudos apontam inúmeros benefícios. Apontada como uma alternativa sem praticamente nenhuma contra indicação, um estudo de Lima; Portella reforça a acupuntura como a PIC que mais traz benefícios na saúde da pessoa idosa, e que tem efeitos benéficos na redução da dor, na ansiedade, no sono, nos sintomas de depressão, entre outros, possibilitando ao idoso reduzir a quantidade de medicação, diminuindo também os seus vários efeitos colaterais, como por exemplo a gastrite desencadeada pelos anti-inflamatórios, proporcionando ainda uma melhor qualidade de vida, o que impacta diretamente na saúde mental da pessoa idosa.
Pesquisas tem apontado as PICS como eficaz no tratamento do estresse, na redução dos níveis de ansiedade, de sintomas depressivos, do alívio da dor e da compulsão alimentar reforçando sua eficácia na população idosa que mais sofre desses agravos. As PICS provocam relaxamento, o que pode diminuir a pressão arterial, as sensações de angustia, insônia, irritabilidade, depressão, estresse, redução da frequência cardíaca e respiratória, redução da atividade cerebral e treinamento de respostas ao organismo visando o controle emocional e afetivo em determinadas situações .
Para Tesser, a ciência pode até ser um ponto de apoio para legitimação das PICS, porém não deve ser o único nem, tampouco, necessário sempre. Pois é preciso reconhecer outros valores além dos científicos como, por exemplo, a promoção da saúde, e a qualidade de vida, bem como respeitar os saberes de novas e antigas tradições não cientificas ou ocidentais. As PICS tem conseguido demonstrar sua eficácia com o público idoso, já que para esse público a melhor qualidade de vida não está apenas em termos quantitativos e sim na qualidade do atendimento prestado, na humanização do serviço dado e na troca de receptividade e empatia. Faz-se necessário também que as pessoas conheçam as PICS sobre o panorama de ser contributivo e complementar aos tratamentos convencionais, diminuindo inclusive os gastos que o SUS tem anualmente com a saúde da pessoa idosa. No entanto é importante que fique claro que os campos econômicos são apenas elementos para fortalecer o uso das PICS no SUS, mas deve-se ser propagado seu uso, pelo saber técnico e importância, pelo respeito a prática alternativa, e pelos estudos que asseguram sua eficácia, eliminando o discurso dominador da medicina tradicional como única forma de cuidar e fazer saúde.
Diversos autores ratificaram os efeitos benéficos das Práticas Integrativas e Complementares na Saúde como uma alternativa eficaz no que tange a saúde mental da pessoa idosa, mais ainda se faz necessário fomentar ativamente outras pesquisas, estudos, saberes/técnicas no sentido de aprofundar a discussão sobre a eficácia e oferta das práticas complementares e sua oferta do SUS. Sabe-se que as demandas que o segmento idoso coloca para a sociedade se constituem em desafios a serem superados, principalmente na questão do sofrimento mental e no desafio do envelhecimento ativo e saudável, e nesse sentido, as PICS se configuram não apenas como uma alternativa de saúde curativa, mas, sobretudo, como uma forma eficaz e preventiva de fazer saúde de maneira participativa nesta etapa da vida, aplicando a promoção a saúde para prevenir que o sofrimento mental traga patologias a serem somadas com as doenças já advindas pela idade, ou das mais diversas situações vivenciadas pelo idoso.
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Fonte: https://editorarealize.com.br/revistas/cieh/trabalho
www.cieh.com.br
Com base no Congresso Internacional Envelhecimento Humano, por: Ana Karina da Cruz Machado; Charle Victor Martins Tertuliano; Coautora: Roberta Machado Alves e conhecimentos próprios do pesquisador.
Pesquisa: Nós da Mãos de Luz Terapias,entendemos e nos preocupamos com o desenvolvimento,cognitivo da Terceira Idade,e os reflexos sentidos pelo Corpo Emocional,Espiritual e Físico e Mental, prestando atendimento Bioterapêutico.
Edição: Dirceu Kommers (pesquisador M.L-C.T.N.E.F.T.).