CONVERSANDO NA UNIASSELVI SOBRE:BIBLIOTERAPIA UMA POSSIBILIDADE TRANSDISCIPLINAR NA EDUCAÇÃO.
Para falarmos de Biblioterapia na educação, precisamos falar de Transdisciplinariedade, sendo que os dois termos já existem estudos a mais de duas décadas. A Biblioterapia não é um método recente, os egípcios e os gregos já associavam a leitura como forma de tratamento espiritual e médico, sendo composta esta, por dois termos de origem grega ??????? ??? ???????? “Livro” e “Terapia”, assim a “Biblioterapia” é a “terapia por meio de livros”. A Biblioterapia é uma técnica que possibilita a mudança de comportamento através do autoconhecimento e que utiliza as qualidades racionais (intelecto, inteligência, compreensão cognitiva) e emotivas do indivíduo que se submetem a ela, para obter uma modificação do seu comportamento. Alguns aspectos da Biblioterapia guardam semelhança com os utilizados na psicologia clínica e educacional, podendo a mesma vir a ser utilizada em ambos os contextos.
A literatura aparece como recurso terapêutico através de uma premissa bem simples: pela leitura a mensagem toca o leitor em suas questões existências.
Ainda, a Biblioterapia é vista como outras possibilidades de se explorar a linguagem com finalidades terapêuticas, mesmo ainda sendo um campo (bem) aberto à Psicologia, mas experiências afins de outras áreas têm consolidado a atividade.
Nessa lógica o mundo contemporâneo cria uma perspectiva maior de leitura, quando elaboramos textos a partir da arte, interpretando e vivenciando a essência, que toca os sentimentos, quando assistimos; filmes, séries, peças teatrais, obras de arte, vídeos nas redes sociais e toda a perspectiva de leitura que possamos contextualizar.
No entanto, para adequar a Biblioterapia na escola, se faz necessário falar também de transdisciplinariedade, que é um termo ainda novo, mesmo sendo trazido no final do século XX pela UNESCO, pela ótica dos quatro pilares da educação. Estes foram elencados na perspectiva de: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e compartilhar e aprender a ser. Nessa lógica, podemos observar que a Educação Transdisciplinar, navega um pouco pelos quatro pilares da educação. Ainda, para podermos contextualizar esta prática vamos lembrar como a educação acontecia na Grécia Arcaica, na época da Paidéia (modelo educacional para crianças). Naquele momento da vida Grega as técnicas e as teorias, se deixava para um segundo momento. O importante era suscitar nas crianças a busca pela verdade e as suas virtudes, ajudando-os nos questionamentos das questões essenciais da nossa vida. Ainda ajudando na eliminação dos vícios, que eram trazidos de outras vidas, pois era o que acreditavam os Gregos. No entanto o mundo contemporâneo, promove pesquisas, que apontam a Ciência do Início da Vida, que segundo a Dra Eleonora Luzes, diz que está ciência, já da conta de explicar a herança Psíquica que é trazida pelas quatro gerações, que antecede a existência de cada Ser, o que cria um viés com mundo Grego, mas agora pelo pensamento cientifico. Sabemos ainda, que a educação das crianças gregas, era ligada as questões existenciais, que são essências a vida humana. De uma maneira simples eram ministradas aulas de música, dança e mitologia, didática encontrada na época, pelos gregos para transmitir educação as suas crianças. No momento vivido, tudo fazia muito sentido, sendo interconectado e pautado, para além das disciplinas. Nota-se, que tudo isso faz muito sentido. A educação das crianças gregas tinha um olhar transdisciplinar, porque era baseada nos aspectos essências usando a metodologia da criatividade. O cognitivo e as teorias ficavam para um momento posterior da vida das crianças. Muito diferente do que ocorre hoje, sendo lamentável, quando nos deparamos com uma criança de seis ou sete anos, sendo treinada para ser um executivo, aprendendo muitas técnicas e teorias e deixando a margem a parte da criança, da fantasia, da brincadeira, toda uma infância praticamente deixada em segundo plano, bem como, o ensinamento a partir da música, da contação de histórias também é deixada no esquecimento.
Nota-se, que o mundo contemporâneo, destaca como uma boa escola, aquela que prepara seus alunos para entrar na universidade. Mas, será que tal escola consegue responder a esse aluno as questões que são essenciais e importantes para formação enquanto ser humano,tendo sua identidade cultural? Ainda, observa-se que, não é pelo fato da escola ser pública ou privada, que o aluno vai chegar ao final do ensino médio, sem ter as mesmas dúvidas sobre a verdade do Ser, pois os modelos de ensino no fundo são os mesmos, ultrapassados, que dão conta de formar pessoas inseguras, infelizes e solitárias. Tudo porque o desconhecimento das respostas as questões essenciais foi esquecido, não recebem a devida prioridade. A pessoa brincou pouco, toda brincadeira foi tolhida com sete ou oito anos. A história conta que os gregos na Paidéia davam prioridade às questões fundamentais ao ensinar e ao responder a uma criança: Quem sou?Dê onde eu vim?Qual é meu papel na família e na sociedade? Para onde eu vou? Todos os questionamentos eram respondidos a partir da verdade, sobre a transcendência, sobre a transitoriedade das coisas, pois tudo foi e continua sendo muito transitório. A criança grega era ensinada a trabalhar na construção das suas virtudes, domando seus monstros e vícios, construindo nesta lógica, uma maneira virtuosa de viver e conviver. Seguindo os quatro princípios da educação, citados pela a UNESCO no final do século XX, que fazem a criança a aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a compartilhar e conviver, aprender a ser, dentro da verdade e da virtude. A educação grega era baseada nos princípios da arte, da filosofia, das ciências, das tradições, da ecologia pessoal, social e ambiental.
A grande diferença do ensino tradicional atual é que ele aparece com a imagem de uma criança sendo bombardeada pelas múltiplas disciplinas, desconectadas uma das outras, frente ao modelo que vai tratar da verdade humana e das virtudes do Ser, através de metodologias criativas e simples, nas quais foram inseridas as artes, a filosofia, as tradições e as ciências, trabalhando de forma integrada e para além delas. Nessa lógica o modelo transdisciplinar na educação, leva em conta também, integrar as três dimensões do Ser Humano.
1- Ecologia Pessoal- O Ser humano com ele mesmo por meio de um processo de autoconhecimento
2- Ecologia Social- O |Ser humano se relacionando com seus pares.
3- Ecologia Ambiental- O Ser humano se relacionando com o todo.
Tudo isso acontece, quando enxergamos com lentes transdisciplinares a educação, reconhecendo a forte ligação que existe com os demais saberes
Nessa perspectiva conclui-se, que a educação transdisciplinar não é nova, mas que através da UNESCO no final do século XX, foi criada e resgatada a possibilidade de adequá-la ao ambiente de aprendizagem, na lógica de várias ferramentas didáticas, incluído aqui a Biblioterapia.
Rosmary Machado